Há poucos dias, o Instituto Idea Brasil publicou uma pesquisa salarial que revelou as médias salariais para analistas de sistemas em diferentes capitais. Porto Alegre ficou em terceiro lugar, com R$2.457. Como era de se esperar, Rio de Janeiro (R$3.011) e São Paulo (R$2.574) ficaram à frente. Foram considerados apenas os postos com contrato celetista.
No Brasil, ainda temos poucas informações desse tipo. É uma pena, porque ajudam sobremaneira o trabalhador a avaliar sua condição. Nos Estêites, há uma quantidade enorme de informação. Pode-se saber o salário médio ou dos n% mais baixos ou mais altos para qualquer cidade e qualquer cargo.
Em 2009, a CNN classificou o trabalho de analista de sistemas como um dos 50 melhores nos Estêites. O salário médio anual foi de US$71.500. Os 10% melhor pagos ganharam, em média, US$95.900.
As comparações diretas não têm muito sentido. Afinal, a economia deles é muito maior e o custo de vida também. Mesmo assim, é possível fazer algumas comparacões indiretas interessantes.
O salário médio anual em Porto Alegre, é de R$32.759,18 (13 salários e adicional de férias). Não vou incluir FGTS, porque os gringos também ganham uns trocos quando são despedidos. Às vezes uns bons trocos.
Pois, a minha primeira comparação vai ser com a renda per capita. A deles é US$47.440; a do Rio Grande do Sul é R$16.689. A do Brasil é R$15.205. A de Porto Alegre é R$23.534. Os valores são de 2008, exceto o de Porto Alegre, que é de 2007.
Pois, um analista gringo ganha, então, 150% do PIB per capita. Um gaúcho, 215% do PIB per capita nacional, 196% do estadual e 138% do municipal.
E com o salário médio dos trabalhadores? Lá, o salário anual médio de um trabalhador com mais de 25 anos é US$32,140. Então, um analista ganha 222% dessa média. Aqui, o salário médio de um trabalhador é R$ 1.227 (do Brasil é R$1.350,33). Logo, um analista gaúcho ganha 200% do que ganha seu vizinho.
Comparados aos salários médios, não são ruins. Mas ainda penso que poderiam ser bastante melhores; Angola, que é muito mais pobre, paga US$3.000 mensais para brasileiros que lá vão trabalhar. O Brasil tem falta de cerca de 50 mil profissionais de TI. Mesmo assim, os salários não crescem e as pessoas preferem ir buscar trabalho no gelado Canadá ou na pobre Angola.
É claro que os nossos custos trabalhistas são altos, mas os dos Estêites não são negligenciáveis. Enquanto os encargos aqui, segundo os empresários, podem somar algo como 100%, lá chegam a 40% ou 50%, mas variam muito, conforme o estado. Então, o custo total de um analista gringo pode ser de até US$107.250 e o de um gaúcho é R$64.914. Para ser preciso, os cálculos que chegaram a mim até agora e que concluem que nossos encargos sobre a folha são 100% incluem as férias, o décimo-terceiro e até os fins de semana. Excluindo isso tudo (porque fazem parte do que o trabalhador recebe, não do que é pago ao governo), os encargos representam 53,93% do salário contratual ou 25,1% do total pago ao empregado. Então, o custo total médio para o empregador gaúcho é R$45.384,72.
Penso que há dois problemas. O primeiro é a falta de informação. Foi muito mais fácil encontrar os dados para a economia americana que para a brasileira e a gaúcha. Os nossos profissionais simplesmente não têm os dados que precisam para negociar seus salários. E os sindicatos não ajudam. O segundo é a falta de investimento em TI. Nossas empresas ainda não alcançaram um nivel de automação semelhante ao dos Estêites; nossos governos não criam cursos profissionalizantes suficientes; nossos colégios não informam sofre o mercado de trabalho (precisamos formar tantos advogados?); nossas universidades oferecem poucas vagas.
sábado, 30 de janeiro de 2010
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Por que os salários não sobem, mesmo com a falta de profissionais? Ou depende do nível hierárquico? Talvez a gurizada que saia da faculdade continue aceitando salários mais baixos do que poderiam conseguir...
ResponderExcluirAcho que o problema maior é a falta de informação. Se as pessoas não conhecem a média de mercado, como argumentar no momento da contratação?
ResponderExcluirDe fato é difícil saber a média do mercado. Mas será que o pessoal não vai em mais de uma empresa quando procura emprego? Assim já daria pra ter uma idéia. Acho que centros como o Tecnopuc facilitam esse descobrimento.
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