segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Vantagens desperdiçadas

A greve dos ônibus e o calor terrível deste verão me levaram a pensar (novamente) sobre o quão estúpido é o modelo de transporte que temos nas cidades.

Vou começar pelas escadas rolantes, porque elas ilustram bem como as pessoas desperdiçam os meios quem têm e perdem uma excelente oportunidade de viver um pouco melhor. Elas nos permitem subir com maior velocidade, mas as pessoas ficam paradas, esperando o destino chegar (para isso, existem os elevadores). Além disso, poucas são as pessoas que admitem que alguém queira subir caminhando e, por isso, não deixam espaço para ninguém passar. Elas oferecem uma oportunidade excelente de ganhar um pouco de tempo; a oportunidade é desperdiçada e ainda negada a quem quiser tirar proveito dela.

Numa dimensão diferente, vemos o mesmo tipo de desperdício nos automóveis. As pessoas encontram-se com mais dinheiro e, quando poderiam usá-lo para viver melhor, compram carros cada vez maiores e consumidores de combustível. O primeiro Fiat 500 oferecia 18cv; os últimos modelos têm mais de 100cv. Não quebramos a barreira dos 20km/l nos carros ditos urbanos, quando já poderíamos estar nos 50km/l ou 60km/l. Com mais dinheiro no bolso dos motoristas e menos poluição, a vida poderia ser um pouco melhor para todos os habitantes das cidades.

Entretanto, as cidades estão entupidas com monstruosidades como a Tucson da Hyundai, que pesa 1,5 tonelada e mal consegue fazer melhor que 10km/l na estrada. Isto é, trata-se de um veículo que não deveria estar circulando num meio urbano civilizado, tanto porque oferece um risco maior à segurança como porque consome uma quantidade de recursos excessiva para o fim ao qual se propõe (transportar, no máximo, 5 pessoas).

Muitas cidades já limitam o trânsito de caminhões, justamente porque poluem, atrapalham o trânsito, e destroem o asfalto. Eu gostaria de ver os parâmetros para um veículo urbano serem reduzidos gradualmente, para que veículos menores e mais eficientes dominem as cidades. Teríamos um trânsito mais seguro, um ar mais limpo e mais dinheiro no bolso para gastar com coisas que realmente melhorem a qualidade de vida.