quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Medição de Poluição em Porto Alegre

A prefeitura de Porto Alegre não mede a poluição do ar desde 2010 e tenho percebido alguns estabelecimentos comerciais usando geradores a diesel. Minha conta de luz subiu, nos últimos dois anos, de R$0,59/KWh a R$0,84/KWh. São 42% de aumento e talvez aí esteja o incentivo necessário para o aparecimento dos geradores. Tampouco percebo fiscalização da poluição dos caminhões e dos ônibus. É possível atravessar a cidade deixando um rastro de fumaça negra sem ser interpelado pela autoridade de trânsito.

Por isso, resolvi fazer um pequeno experimento. Comprei um medidor de partículas, o SDS011. Ele mede apenas partículas de 10 micrômetros e de 2,5 micrômetros. O índice de qualidade do ar (AQI) inclui também gases.

Esse pequeno sensor comunica-se via uma porta serial e o pacote inclui também um adaptador USB e o respectivo cabo. Entretanto, nenhum software é oferecido. Felizmente, o protocolo é simples e envolve apenas enviar uma mensagem de 19bytes (a maior parte é de zeros) e receber uma resposta de 12 bytes). O manual descreve todas as interações.

O equipamento tem uma vida útil de 8 mil horas (um pouco menos de um ano de uso contínuo) e pode fazer medições continuamente, mas, neste caso, eu o coloco em estado de hibernação e o acordo para fazer a medição. Assim, ele irá durar vários anos. Entretanto, é preciso esperar 30s depois de acordá-lo para fazer uma medição.

Escrevi um pequeno programa para fazer a leitura uma vez por hora e deixei-o rodando durante uma semana conectado a um Raspberry Pi 3 B.

Alguns poréns devem ser apontados: o aparelho ficou o tempo todo dentro de casa e bem acima do nível da rua na zona norte de Porto Alegre (que, apesar de ser poluída, tem bastante vento).

Em geral, os resultados foram bons (poucas medições passaram de 10μm/m3, sendo 50μm/m3 o limiar do ar bom). Entretanto, houve um pico de 200μm/m3 de PM10 e 49,9μm/m3 de PM2,5. Essa medição já cai na categoria Inadequado. Talvez algum caminhão tenha passado deixando seu rastro.



Se é que posso tirar alguma conclusão deste meu pequeno experimento, é a de que o ar dentro de minha casa está bom. Um estudo mais abrangente e feito por alguém mais capacitado encontrou que o ar de Porto Alegre não é tão bom assim.

Os próximos passos serão:

  • Medir em outras regiões (o centro e a região sul);
  • Medir ao nível da rua;
  • Medir durante um ano inteiro.