A foto abaixo (estrelada pela linda Maria Alice) mostra a configuração campeã. É um BBC B+ com 128KB de RAM e um processador 65C12 a 2MHz. Há também um monitor com conector TTL RGB e um par de drives de 5.25" que funcionam mal.
A controladora dos drives é uma Western Digital 1770. Ela é capaz de suportar densidade simples e densidade dupla, mas o sistema operacional só suporta densidade simples (256 bytes por setor). Os drives suportam as duas densidades e 40 ou 80 trilhas. Então, num único disquete de 5.25", gravam-se 400KB (80 trilhas x 10 setores x 256 bytes x 2 lados). Num drive de 3.5" moderno pode-se usar o mesmo formato; o computador não tem idéia do que está ligado nele.
No fim do ano passado, eu já tinha descoberto todas as questões a resolver para ligar um drive novo e as anotei num artigo. Naquele momento, eu já havia conectado um drive e gravado com sucesso um "Hello, World!" escrito em BASIC. No entanto, eu só consegui que o drive se comportasse como o segundo. Para conectar o drive como o primeiro, foi preciso adaptar um cabo.
Os drives modernos são todos configurados para serem o drive B. E para economizar uns centavos, eles nem têm um mecanismo de reconfiguração. Afinal, eles estão custando R$15 agora! No PC, as linhas 12 e 14 acionam, respectivamente, os drives B e A; as linhas 16 e 10 acionam o motor, conforme o drive selecionado. No padrão Shugart, que o BBC usa, as linhas 10, 12 e 14 acionam os drives 0, 1 e 2. E apenas a linha 16 aciona o motor. O BBC só usa os drives 0 e 1.
A tabela abaixo mostra as diferenças:
Linha | PC | Shugart |
10 | Motor drive A: | Aciona drive 0 |
12 | Aciona drive B: | Aciona drive 1 |
14 | Aciona drive A: | Aciona drive 2 |
16 | Motor drive B: | Aciona motor |
Os cabos novos têm uma voltinha para que quando o PC envie sinal para o drive A, ele o receba mesmo estando configurado como B. Para ligar o BBC, basta inverter as linhas 10 e 12. Ou seja, para acionar o drive 1, o BBC liga as linhas 12 e 16, exatamente como o PC faz para o drive B. Para acionar o drive 0, é preciso fazer o sinal da linha 10 chegar na linha 12. É simples, mas fabricar o cabo é difícil, porque as linhas são pequenas e os conectores menores ainda. A foto abaixo mostra os dois tipos de cabo (o da direita é o comum de PC).
Não dá para disfarçar o caráter artesanal do cabo! Eu cortei a ponta de um cabo normal, desfiz a volta e troquei as linhas 10 e 12. Bastam um estilete e muita paciência.
Na primeira tentativa, o BBC lia os disquetes, mas não gravava. A linha de proteção de gravação (linha 28 ou /WPT para os íntimos) provavelmente estava encostada numa vizinha. Na segunda tentativa, funcionou, mas o cabo não ficou firme e acabou se desmanchando. Na terceira, sucesso! O disquete gravado há 7 meses também funcionou muito bem. Como os disquetes modernos são fabricados para gravar em densidade alta, tive medo de que não funcionariam bem com densidade simples. A foto abaixo mostra que é preciso tapar o buraco oposto ao de proteção de gravação para enganar o drive a pensar que trata-se de um disquete de densidade simples ou dupla (repare no da direita; o furo está tapado com fita isolante):
Na tela está o conteúdo do disquete: um arquivo BASIC chamado HELLO e um arquivo texto chamado TEXT.
No canto, vê-se o terminador da fonte que seria ligado ao computador. Sem aquele cabinho vermelho, a fonte não liga.
O próximo passo é escrever um programa para ler disquetes de PC. Com um pouco de código de máquina é possível ler disquetes com FAT de 360KB ou 720KB. E não estou exagerando, porque o sistema de disco (DFS ou Disc Filing System) cabe todo numa ROM de 16KB.
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