segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Como Verificar uma Lista de IPs

Um domínio pode ser provido por muitos IPs distintos, então surgiu para mim a necessidade de determinar qual IP não estava respondendo.

O dig permite descobrir rapidamente quais IPs estão relacionados ao domínio no DNS.


dig +short some.random.domain
192.168.10.20
192.168.10.21
192.168.10.22
192.168.10.23

Faça de conta que a minha lista de IPs é bem grande. Quero testar todos, mas sem perder muito tempo em cada um. Para ser mais rápido com o ping, podemos usar umas opções incomuns:


ping -w 1 -c 2 192.168.10.20
PING 192.168.10.20 (192.168.10.20) 56(84) bytes of data.

--- 192.168.10.20 ping statistics ---
1 packets transmitted, 0 received, 100% packet loss, time 0ms

O -w 1 encerra a espera com 1s e o -c 2 emite apenas 2 pacotes ICMP. Ajuste conforme sua necessidade

Então, para percorrer toda a minha lista e apenas imprimir os IPs que não responderam, lançamos mão do xargs e do grep.


dig +short some.random.domain | \
  xargs -I{}  ping -w 1 -v -c 2 {} | \
  grep -B1 "0 received"
--- 192.168.10.20 ping statistics ---
1 packets transmitted, 0 received, 100% packet loss, time 0ms

O -B1 do grep nos permite mostrar a linha anterior ao resumo dos pacotes, já que o ping não coloca tudo na mesma linha.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Já Não Estou Aí

Um detalhe do filme Ainda Estou Aqui me colocou a pensar: a participação da trabalhadora doméstica Zezé.

As histórias da ditadura são quase sempre focadas em pessoas de classe média. É claro que a família Paiva sofreu muito, mas essas histórias já as conhecemos todas.

A Zezé vivia num quartinho de empregada dentro da casa dos Paiva. Isso chega a ser chocante: a estrutura social refletia ainda a escravidão: havia ali uma casa-grande e uma senzalinha.

A ditadura, não é óbvio para muitos, foi um movimento para impedir a modernização do Brasil. As reformas de base visavam preparar o país, que estava se urbanizando rapidamente, para a modernidade.

Esse freio provocou o crescimento desordenado das grandes cidades e jogou milhões de brasileiros na miséria urbana, sem moradia e sem educação. Mas além da violência por inação, a ditadura incentivou a violência policial nas periferias (Cidade de Deus é provavelmente o melhor filme sobre a ditadura) e deslocou milhares de nordestinos para ocupar as margens da rodovia transamazônica e lá os abandonou à própria sorte.

Eu não ignoro o sofrimento dos torturados, dos assassinados, e de suas famílias, mas a ditadura roubou o futuro de milhões de pessoas e essa história não é contada.

Essa classe média que se compadece com o sofrimento dos Paiva, faz alguma coisa para tornar o país mais justo? Um morador da periferia vive a violência todos os dias. Uma pessoa morta há 50 anos não vai comovê-lo. A polícia continua torturando e matando e a classe média aplaude.

A muito custo, os governos de esquerda conseguem umas vagas na universidade para negros, um dinheirinho para aliviar a fome dos mais necessitados, e reconhecer as uniões homoafetivas. Mudar realmente a matriz social do país, até hoje com marcas da escravidão, não inspira da mesma forma que a Comissão da Verdade inspira. No fundo, estamos só maquiando um porco.

Se formos a Brasília, poderemos ver faxineiras trocando o uniforme sob viadutos e um metrô que chega a centenas de metros do aeroporto e subitamente muda de direção. Nos ministérios não há lugar para a faxineira terceirizada trocar de roupa (quem dirá tomar um banho) e o transporte de massa não vai até o aeroporto, porque, obviamente, os trabalhadores não precisam ir até lá (sequer os que lá trabalham, aparentemente). A infraestrutura é pensada para separar.

Até hoje, apartamentos são construídos com o quarto da empregada.

Por não discutirmos essas coisas, temos uma classe popular que almeja tornar-se classe média e uma classe média que, em grande parte, quer manter a distância. Já ninguém imagina um país diferente.

Afinal, o que o filme agrega? Ele tem boas atuações e ele conta uma história interessante, mas ele não agrega nada à discussão e, no fundo, prega para convertidos. Talvez o Walter Salles tenha colocado a cena da Zezé em seu quartinho para provocar alguma reflexão. Pelo menos comigo, funcionou.

Ainda Estou Aqui recebeu três indicações ao Oscar. Sim, é bom ter um filme nacional reconhecido no mundo, mas nós precisamos dessa confirmação para saber que ele é bom? Nós realmente dependemos da confirmação da indústria que apoia a superestrutura e que convence nossos compatriotas de que lá é o centro do mundo e que aqui somos apenas coadjuvantes na periferia do mundo deles?

Alimentar esse auê sobre o Oscar, temo que apenas alimente a máquina de ilusões que sustenta nosso atraso através do filtro de histórias que devem ou não ser contadas.

E que fim levou a Zezé? Os filhos dela terão conseguido estudar num CIEP (sim, veja bem, fomos capazes de acabar com esse projeto mesmo em tempos democráticos)?

domingo, 26 de janeiro de 2025

Adeus, Windows.

Recentemente, passei vários dias e muitas horas tentando descobrir por que um laptop com Windows 10 falhava aleatoriamente com tela azul e um erro relacionado a drivers (KMODE Exception not handled).

O laptop possui um i5-2450M com 16GB de RAM. É uma boa máquina, com recursos mais que suficientes para as necessidades do dono. Curiosamente, entretanto, a CPU não está entre as aprovadas para o Windows 10.

Além disso, o Windows 11 não admite ser instalado nesse laptop.

Experimentei o Ubuntu Mate nessa máquina e tudo funcionou perfeitamente.

A minha única saída foi voltar para o Windows 7 e instalar as últimas versões do Chrome e do Firefox que ainda rodam nessa versão.

Eu estou acostumado a baixar arquivos .iso de Linux ou algum BSD, gravar com dd num pendrive e fazer o boot, mas o Windows não permite essa facilidade e exige que o .iso seja gravado no pendrive com um software, claro, específico do Windows.

Resolvi que não tenho mais tempo a perder com um software tão maligno que é projetado para tornar obsoletas máquinas perfeitamente úteis.

Se algum amigo ou parente pedir uma ajuda para instalar Linux ou qualquer BSD, eu o farei e essa será minha contribuição na luta contra os abusos do capitalismo tardio.

Instalar Windows, no entanto, nunca mais farei por ninguém.

A pessoa para quem eu estava dedicando meu tempo tem grande apego ao Excel. Eu pensei, então, que talvez fosse possível rodar o Excel no Linux com o Wine, porque, de qualquer forma, o Windows 7 é uma solução temporária: logo os navegadores estarão obsoletos. Pedi, então, a mídia de instalação do Office. Recebi uma mídia do Windows 10 e outra do Windows 7: "veja o que tem aí". Eu me senti um pouco ofendido e não foi a primeira vez que eu me deparei com um usuário que, apesar de insistir no Windows, transfere completamente o custo de configurar e manter o micro.

Usuários de Windows, via de regra, o são por pura inércia e por dependerem do trabalho de outros (remunerado ou não). Cansei disso. Eu escolhi o Linux pela liberdade que ele provê. Houve uma época em que usar o Linux exigia sacrifícios, mas essa época já passou. O sacríficio agora está em insistir com a empresa de Redmond.