quinta-feira, 3 de julho de 2025

O Verdadeiro Futuro da IA na Programação

A IA está por todos os lados e as previsões mais fantásticas estão sendo repetidas ad nauseam.

Eu ainda não usei IA para programar. Restringi-me a gerar umas imagens engraçadinhas. Entretanto, a IA veio até mim através de artefatos produzidos por programadores.

Os dois primeiros eram programadores fracos, então eu compreendi a dificuldade deles. O primeiro até foi honesto sobre estar usando IA. O segundo escondeu o fato até que fosse incontornável: o código dele tentava invocar uma função que não existe, além de tentar recompilar a si próprio numa tentativa estranha de ser dinâmico.

O terceiro foi uma grande supresa, porque o programador é um sujeito realmente competente. Entretanto, ele estava se aventurando numa área que não domina.

Eu acho que com essa última experiência podemos aprender algo.

Um dos livros que eu mais gosto tem o estranho nome de Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas. É um livro estranho: mistura filosofia com problemas mentais e uma viagem de moto. Em um dado momento, o autor discorre sobre como ele enfrenta a manutenção da moto. A pessoa precisa tanto de um modelo mental de como a moto funciona, assim como observar, no mundo real, seu comportamento. As duas coisas são importantes: um modelo mental razoavelmente sólido e correto e uma observação atenta.

Uma pessoa que tem um bom modelo mental de como uma coisa funciona é um especialista: um mecânico, um médico, um engenheiro, um programador.

A programação hoje em dia tornou-se uma tarefa das mais complicadas, porque envolve muitas tecnologias. Há muito tempo ninguém lida apenas com uma tecnologia sobre uma plataforma bem definida (Turbo C num PC, por exemplo).

As aplicações possuem muitas camadas e muitas tecnologias distintas. Inevitavelmente, as equipes mais produtivas incluem pessoas com habilidades complementares: não é novidade que a especialização é o motor da produtividade.

Isso me leva a concluir que a IA só vai ser realmente útil quando usada para complementar a habilidade de um especialista.

Se as empresas continuarem a demitir, porque acreditam que podem substituir pessoas por LLMs, antevejo que logo teremos problemas por causa de código gerado por IA. Tanto problemas de segurança, como problemas de perda de dados.

Se a pessoa não domina uma tecnologia, ela primeiro precisa estudá-la a fim de adquirir um modelo mental sólido para depois aplicar uma LLM. A IA deve até ser evitada até que o programador tenha um pouco de experiência com a tecnologia.

A minha conclusão é que a IA tem que ser usada como uma ferramenta para especialistas, não como substituta de especialistas.

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