Muita gente ficou insatisfeita com a última reforma ortográfica. Eu tenho minhas diferenças com ela também. E com a maneira como os acentos são ensinados na escola.
O problema dos acentos no português é que eles não sabem bem o que querem ser na vida: se indicam tonicidade, ou se indicam o som, ou se indicam as duas coisas.
Eu acho que deveriam apenas indicar a tonicidade (com a exceção única da crase). Já convivemos com porco e porcos; ovo e ovos.
O alfabeto cirílico possui letras para ditongos. Isso também nos ajudaria a eliminar duas categorias de acentos: os hiatos e os paroxítonos terminados em ditongo crescente. Os dois são meio atravessados, porque o que eles querem, na verdade, é deslocar a tonicidade para nos obrigar a pronunciar o ditongo. Querem resolver um problema por segunda intenção.
Podíamos muito bem adicionar umas letras para os ditongos, mas talvez seja mais prático aproveitar o fato de que o y e o w voltaram ao alfabeto e dar-lhes utilidade.
Então, na minha nova ortografia, teríamos: "saude" e "sawdade"; "distancya" e "policya"; "pais" e "pays".
Eu moro num pais tropical com meus pays, temos saude mas a distancya de nossa terra nos traz sawdade. Nenhum acento nessa frase!
An Open Problem
Há um dia
Só agora vi este post sobre esse tema que me interessa muito!
ResponderExcluirA diferenciação de ditongos com letras em vez de acentos é bem simpática e mais fácil de aprender/ensinar do que com acentos. Entre Bahia e baía, podíamos muito bem termos ficado só com a primeira. Mas se usássemos o Y do jeito sugerido, nem precisaria do H, teríamos baia (í) e baya.
O ruim é que o Y e o W mudam muito a aparência das palavras e as pessoas são apegadas demais a isso. Se não fossem, já teríamos removido o H mudo há séculos. O surgimento da letra J é mais recente do que o emudecimento do H! [citation needed]
Agora que caiu o trema, uma das minha reforma preferida seria dar um jeito no que, qui, gue, gui. Por exemplo, qe, qi, quando o U for desnecessário. Ou talvez W no lugar do Ü. Mas só aí já tenho muito mais ideias do que cabem neste comentário.
Shameless plug: representar ditongos com letras separadas é exatamente o que o Esperanto faz com J/Ŭ. A única dificuldade é digitar o tal do Ŭ (e antes que perguntem: ele é considerado uma letra totalmente separada do U)...
Obs.: ouvi dizer que etimologicamente saudade é sa-udade. Mas como ninguém se presta a diferenciar ditongo de hiato nessa posição da palavra, acabamos esquecendo disso.