Muita gente ficou insatisfeita com a última reforma ortográfica. Eu tenho minhas diferenças com ela também. E com a maneira como os acentos são ensinados na escola.
O problema dos acentos no português é que eles não sabem bem o que querem ser na vida: se indicam tonicidade, ou se indicam o som, ou se indicam as duas coisas.
Eu acho que deveriam apenas indicar a tonicidade (com a exceção única da crase). Já convivemos com porco e porcos; ovo e ovos.
O alfabeto cirílico possui letras para ditongos. Isso também nos ajudaria a eliminar duas categorias de acentos: os hiatos e os paroxítonos terminados em ditongo crescente. Os dois são meio atravessados, porque o que eles querem, na verdade, é deslocar a tonicidade para nos obrigar a pronunciar o ditongo. Querem resolver um problema por segunda intenção.
Podíamos muito bem adicionar umas letras para os ditongos, mas talvez seja mais prático aproveitar o fato de que o y e o w voltaram ao alfabeto e dar-lhes utilidade.
Então, na minha nova ortografia, teríamos: "saude" e "sawdade"; "distancya" e "policya"; "pais" e "pays".
Eu moro num pais tropical com meus pays, temos saude mas a distancya de nossa terra nos traz sawdade. Nenhum acento nessa frase!
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
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Só agora vi este post sobre esse tema que me interessa muito!
ResponderExcluirA diferenciação de ditongos com letras em vez de acentos é bem simpática e mais fácil de aprender/ensinar do que com acentos. Entre Bahia e baía, podíamos muito bem termos ficado só com a primeira. Mas se usássemos o Y do jeito sugerido, nem precisaria do H, teríamos baia (í) e baya.
O ruim é que o Y e o W mudam muito a aparência das palavras e as pessoas são apegadas demais a isso. Se não fossem, já teríamos removido o H mudo há séculos. O surgimento da letra J é mais recente do que o emudecimento do H! [citation needed]
Agora que caiu o trema, uma das minha reforma preferida seria dar um jeito no que, qui, gue, gui. Por exemplo, qe, qi, quando o U for desnecessário. Ou talvez W no lugar do Ü. Mas só aí já tenho muito mais ideias do que cabem neste comentário.
Shameless plug: representar ditongos com letras separadas é exatamente o que o Esperanto faz com J/Ŭ. A única dificuldade é digitar o tal do Ŭ (e antes que perguntem: ele é considerado uma letra totalmente separada do U)...
Obs.: ouvi dizer que etimologicamente saudade é sa-udade. Mas como ninguém se presta a diferenciar ditongo de hiato nessa posição da palavra, acabamos esquecendo disso.