terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os números da Revolução Farroupilha

As minhas aulas de história no primário e no secundário sofriam de uma falta grave: a falta de números. Sem agregar dados aos acontecimentos históricos, as coisas ficam muito nebulosas.

Já que estamos num setembro mui chuvoso e a gauchada está mais faceira que sapo em banhado, resolvi apontar uns números da Revolução Farroupilha.

Em 1835, a população do estado era de apenas 170 mil. É menos de um paisano por quilômetro quadrado (0,6 para ser mais preciso). Porto Alegre tinha 12 mil habitantes. Imagino que muita gente não tenha tido notícia dos acontecimentos.

Morreram cerca de 3.400 combatentes nos quase 10 anos de luta (em média, menos de 1 por dia). A taxa de mortalidade era de cerca de 30 por mil. Logo, seriam esperadas 5.100 mortes por ano; a guerra, portanto, adicionou cerca de 6% à taxa de mortalidade.

Lutaram mais de 100.000 soldados (pelo menos 40 mil farrapos e pelo menos 60 mil imperiais). Portanto, a taxa de mortalidade da guerra era pouco mais que um décimo da taxa da população em geral. É provável que tenha sido mais seguro lutar que ficar em casa comendo churrasco.

Claro, a taxa de mortalidade era impulsionada muito mais por crianças e por idosos que por homens em idade para lutar, mas as proporções são curiosas e um pouco cômicas (os falecidos talvez não enxerguem humor neste dado).

A história do Rio Grande não me comove muito, então proponho diminuir um pouco o tom ufanista do hino trocando "sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra" por algo mais proveitoso comercialmente. Por exemplo, "sirvam nossas picanhas de modelo a toda terra".

Um comentário:

  1. Veja, eu tenho muito orgulho de ser gaúcha, mas desde que aprendi sobre Revolução Farroupilha na 4a série primária não consigo entender porque comemoramos uma guerra que perdemos. Faria mais sentido comemorar o final da guerra e não o início.

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