Já li bastante sobre gerência (de pessoas, de projetos, etc) e gostaria de dar minha contribuição para a taxonomia de estilos gerenciais.
Vou apresentar dois: britânico e tupiniquim. Os nomes têm origem nas histórias (breves) que relatarei a seguir e não significam que uma empresa britânica não possa ter um estilo tupiniquim de gerência ou vice-versa. As duas histórias são da segunda grande guerra e são verdadeiras.
A primeira é a de dois canadenses no dia D. Eles desembarcaram na praia de Juno. Os nomes franceses da localidade são Courseulles-sur-Mer, Saint-Aubin-sur-Mer e Bernières-sur-Mer. É muito biquinho para fazer no meio de uma batalha, então os anglo-saxões as renomearam por praticidade.
Logo ao desembarcar, Jim levou um tiro que atravessou seu torso logo acima da cintura. Por sorte, a bala não acertou nada importante. Seu colega Kenny, logo adiante, levou um tiro na perna, também sem maiores conseqüências. Mas a situação não estava nada boa e outros soldados estavam morrendo ao redor de Kenny e Jim.
Um pouco mais à frente, Kenny gritou para que Jim andasse mais depressa. Logo a seguir, Jim levou um tiro que quebrou sua perna. Ambos feridos, os dois procuraram abrigo.
Após esperar um bom tempo e serem atendidos por um médico, mas ainda no calor da batalha, surgiram dois soldados ingleses com cinco galões de chá (misturado meio-a-meio com rum). Sim, os ingleses não esquecem do chá nem quando estão lutando contra os nazistas.
A segunda história é sucinta. A FEB foi à Itália sem um batalhão de sepultamento. Sim, um soldado brasileiro morto teria que enterrar-se a si próprio se quisesse ir com dignidade.
Então, as duas escolas são a britânica, na qual as pessoas são importantes e a tupiniquim, na qual são dispensáveis. Em geral, os gerentes terão muitas desculpas por adotar o estilo tupiniquim (a sinceridade não é bem-vista no mundo corporativo), mas a verdade é que não custa muito propiciar um ambiente agradável para trabalhar: ar condicionado, uma cadeira confortável e café (ou chá) bastam.
Já trabalhei numa empresa com certificação CMM (que é muito cara), mas que não limpava os filtros do ar-condicionado (que são baratos). Certa vez, ao entrar no banheiro, descobri que o fundador da empresa não puxava a descarga. Pode ser que ele tenha muito orgulho de seus feitos, mas é mais provável que ele simplesmente não tenha nenhuma consideração pelos outros.
Eu recomendo trabalhar em empresas da escola britânica, mas se algum espartano realmente preferir a escola tupiniquim, eu sugiro que ao menos leve uma pá.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
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O Kenny morreu também dessa vez?
ResponderExcluirO Kenny sempre morre.
A respeito desse estilo da escola brasileira de administração tem o episódio da demissão do maestro da OSESP.
Parece que o problema foi que o maestro estrangeiro acostumado com essas firulas queria mictórios para a orquestra excursionar pelo interior paulista.
Empregados, na tradição brasileira, se viram como podem.
E não levantam muito o topete.
Curioso que o papel do designer negro e criativo na novela é de vilão: ele trai a mulherada e trai o patrão.
Um empregado negro, criativo e muito capaz: só pode ser um safado!!
Pagar empregados com ações então, seria coisa de comunista ??
Teve um episódio em que o Kenny não morreu!
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