La Paz é uma cratera lunar no coração da América do Sul. É uma cidade improvável criada para lembrar aos sul-americanos o seu verdadeiro caráter.
Os índios têm pouco e com isso eram ricos. Os espaços enormes, a abundância de água, comida e árvores são a riqueza do sul-americano. O homem branco trouxe a propriedade particular e com ela a miséria.
Uma gringa com muito esforço subiu uma ladeira de La Paz para fazer compras num mercado a céu aberto. Encontrou um aparelho de DVD da Sony por uma pechincha, mas o aparelho não estava lacrado. Do Japão até a Bolívia, ela queria que o lacre garantisse a pureza tecnológica do aparelho.
Ela pediu, um amigo traduziu e o índio deu de ombros. Ele olhou ao redor e logo enfiou a mão numa caixa; dela tirou uma aparelho de lacrar com uma fita que monotonicamente repetia "SONY SONY SONY SONY".
A gringa não deve ter percebido, porque não poderia conceber, mas o aparelho fora produzido na Zona Franca de Manaus. Do meio da selva, surgiu uma aparelho japonês que um índio boliviano vendeu a uma loira americana desconfiada.
Esta noite vou ter que assistir ao correspondente internacional da Globo comentar as últimas da Venezuela desde Nova Iorque. Os gringos nacionais querem que vejamos e ouçamos com os olhos e ouvidos dos gringos originais as notícias que chegam lacradas desde a fonte. Mas será que no meio do caminho não há um lacrador espúrio?
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