domingo, 3 de maio de 2020

Pequeno Princípio

Eu acho o livro O Pequeno Príncipe um dos livros mais incríveis já escritos. Acho, inclusive, que a introdução já vale ouro por si só.

A frase mais conhecida desse livro certamente é:


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"


Eu sou fã de alguns princípios interessantes para o mundo do software, como o Princípio Greyhound:
"Leave the driving to us"


Ou o Príncipio Broadway:
"Don't call us. We'll call you"


Esses dois últimos descrevem os frameworks e servem para diferenciá-los de bibliotecas.

Eu adaptei a frase do Saint-Exupéri e criei um pequeno princípio para o desenvolvimento de software:
"Tu te tornas eternamente responsável pelo software que escreves" 


É uma lembrança de que o software não é como pão numa padaria: cada linha escrita vai exigir manutenção, suporte, e os erros voltam para nos assombrar.

Tenho pensado nisso porque tenho ouvido muito que "é preciso fazer mais com menos", mas penso que, pelo contrário, é preciso fazer menos. É preciso ater-se ao essencial; ao que realmente agrega valor ao negócio.

Além disso, é preciso dar tempo ao desenvolvimento para que os sistemas não acabem gerando mais suporte do que é possível oferecer. É fácil que a equipe de desenvolvimento acabe num ciclo vicioso de não ter tempo para agregar funções, porque está gastando todo o seu tempo com suporte.

Alguns clientes não essenciais da empresa ganham horas de desenvolvimento quase que por caridade. Existe a noção de que, para sermos justos, devemos dar um pouco de tempo do setor de informática para todo mundo. Mas todo tempo gasto com ações periféricas e não essenciais rouba tempo daquilo que é essencial; rouba tempo hoje e roubará mais adiante quando for preciso dar suporte.

Ademais, nem tudo precisa ser um software novo: muitas coisas podem ser resolvidas com processos e ferramentas de prateleira (ou até mesmo com notas de post-it).