Eu tenho pensado um pouco sobre o quanto do meu dia realmente requer que eu pense ativamente sobre o que eu estou fazendo.
Tive uma premonição depois de ler um artigo sobre um estudo feito por psicólogos que descobriu que comportamentos aparentemente reflexivos, como entrar em pânico diante de uma situação inesperada, podem ser aprendidos. Uma criança, por exemplo, pode observar seu pai ficar irritado ao derramar café sobre o jornal e adquirir o mesmo comportamento.
Observamos esses comportamentos e os achamos naturais, mas poderia também ser natural que o pai risse de seu infortúnio e que a criança aprendesse a ver o humor nos pequenos acidentes cotidianos.
Então, resolvi observar as pequenas ações impensadas do dia-a-dia.
Um fenômeno que observei há muito tempo é o da fila de um supermercado muito especial. Esse supermercado tem quatro caixas e três filas. A fila do meio é servida por duas caixas. Curiosamente, as três filas costumam manter o mesmo comprimento. Irrefletidamente, as pessoas vão mantendo as filas em comprimentos semelhantes. A fila do meio anda duas vezes mais rápido que as outras. Logo, seria de se esperar que algumas pessoas vissem a vantagem de permanecer nela mesmo quando ela fosse maior que as outras (até o dobro das outras). Mais curioso ainda é o fato de que, estando na fila e com pouco o que fazer, as pessoas não observem o que está acontecendo.
Outro fenômeno curioso é o que acontece na lotação que eu uso para ir ao trabalho. Todos os dias, pessoas param a lotação para perguntar sobre o trajeto. Algumas delas portam celulares moderníssimos com acesso à internet. Recentemente, uma moça parou a lotação, gostou da resposta do motorista, subiu, acomodou-se e prosseguiu a navegar pela internet em seu aparelho (por uma rede social, claro). O que leva as pessoas a abdicarem do poder de informação que têm nas mãos?
Finalmente, há um cinema que costumo frequentar que tem duas portas de saída, uma ao lado da outra. Invariavelmente, forma-se uma fila atrás da porta pela qual a primeira pessoa saiu. Ninguém parece querer arriscar a outra porta. Eu sei que ambas funcionam, então costumo sair pela que estiver livre. Adicionalmente, já vi duas pessoas não conseguirem abrir as portas, mesmo sendo portas com trava anti-pânico (o que demonstra que o óbvio não é absoluto).
Esses incidentes me levam a crer que as pessoas gastam muito mais tempo tentando imitar os outros do que analisando os problemas que enfrentam. Penso que observar os outros pode dar boas pistas, mas que não é inteligente abdicar de pensar, mesmo correndo o risco de errar (mais que os outros).
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
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